Seria errado dizer que os momentos que estamos passando não teriam precedentes. Que tudo que vemos hoje é algo inédito em nossa história. Na verdade a democracia brasileira, por sua pouca idade, é ainda muito frágil e nunca deixou de ser atacada.
O caso mais recente é apenas uma vírgula em uma história de ataques a liberdades. Onde seria aceitável, para dizer o mínimo, um comandante do exército se posicionar a respeito de uma questão político-partidária?
Bom, no Brasil, é claro. Um país que não resolveu seus problemas mais obscuros de um passado recente, não tem como se livrar da constante sombra que persegue a democracia.
Hoje os direitos humanos se tornaram inimigos de uma minoria barulhenta. Hoje o retrocesso e o caos parecem reinar. Hoje juízes se permitem opinar e até sugerir a execução de ritos religiosos para que o resultado de um julgamento em que nem participa tenha um resultado que favorece suas convicções pessoais.
O mais curioso talvez seja perceber que quem parece cobrar o fim da impunidade não se preocupa muito em descumprir as regras impostas pelos órgãos a que servem para se posicionar de forma parcial. Nem mesmo parece que se indignam no mesmo grau em casos mais cruciais para quem busca uma sociedade mais justa. Casos como o da vereadora Marielle Fraco, por exemplo.
Parece que andamos a passos largos rumo a exatos 54 anos atrás.
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